quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O fim de si

Sede. Caminha sedenta de vida, arrasada, ludibriada de dor. Arrasta-se, como uma sombra, insignificante, sem importância. Chora horas de amargura, de agonia. Chora dias que só foram dias, atrás de dias. Chora saudade. Chora música. Chora um mar.
Acende um cigarro. Sente o fumo misturar-se na boca, na garganta, no respirar lento, desistente, fugido.
Pára para sentir. Não sente nada. Vazio.
Fica ali, com o sol a semi cerrar-lhe os olhos, inchados, doridos. Sozinha de pessoas, de coisas. Sozinha de tecto, sozinha de chão. Sozinha de abraços, sozinha de palavras. Senão as suas, pensadas em meio de tristezas e de infernos.
A sua maior desilusão era ser. Não era. O fim de si chega numa manhã delicada, de sol tímido. Ainda a lua no céu. Pintado da cor azul. O fim de si chega na mais bela das manhãs. Silencioso, por entre ramos de árvores. Pintados da cor verde. Por entre travos de flores. Pintadas da cor que são todas.
O fim de si chega pintado de negro.
Fim.

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