quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Tu

Quanto de mim se evade neste espaço vazio onde vivo. Até este texto me foge, por já não saber dizê-lo, escrevê-lo. Tu me foges. E eu sei-o. Ficas saindo como na música. Saís e continuas aqui, estás longe mas estás em mim. Tu, sonhos, vida, planos. Tu, pensamento de todos os minutos. Tu ao acordar e quando tento em vão adormecer. Tu, nas músicas, nas palavras dos outros, letristas, escritores. Estás em todas as palavras. Tu, nos carros que passam, nas pessoas que passam. Tu, nas fotografias que não tirámos, nos passeios que nao demos, na lua que não olhámos, nos dias que não vieram. Tu, na saudade imensa, no sofrimento absurdo, na dor enorme de perda, no gostar. Tu, no gostar que não havia visto igual. Tu, a saíres. Tu, a fugires. As minhas mãos vazias, o meu abraço vazio, os meus olhos vazios. Vazios de não tocar, de não abraçar, de não ver. Não saias, não fujas. Não sei ser vazia de ti.

domingo, 9 de setembro de 2012

Ingenuidade e ignorância... Fazemo-nos homens e mulheres e começamos a passar pelas dores e pelas provações de um mundo de responsabilidades. E muitas vezes é um sofrimento muito grande, muitas vezes são perdas muito grandes e o peso de tudo o que existe caí em nós e parece impossível sobreviver. E quando está assim mau, quando tudo é assim tão mau e parece que sabemos já melhor que ninguém o que é a dor, eis que passa a existir um peso maior que o peso de tudo o que existe. E este caí em cima de nós. E percebemos o quanto eramos ingénuos, o quanto a dor era suportável ao lado da agonia que até então ignorávamos existir. E fico a pensar, até onde pode tudo ir? Quanto mais vou ter de carregar? Este muito será pouco?
Já não sei se sei sequer pensar ou até escrever o que penso, sei-me só anestesiada de dor e angústia.