terça-feira, 20 de setembro de 2011

A cidade

Caminham sem interesse pelas casas, pelos carros, pelas pessoas. Passam nas pontes sem olhar os rios, sem olhar os barcos. Querem o sol apenas para aquecer pela manhã, não para doirar o mar, o rio antes da noite. E na noite querem as luzes apenas para poderem olhar e ver, não pelas sombras deambulantes pela cidade, pelas pessoas, pelos carros. As árvores são sombra para jogos intermináveis de xadrez, não são folhas a cair pelo outono, leves, breves, suaves. Não são cheiro a jasmim ou qualquer outro cheiro que seja o cheiro das árvores. A música dos tocadores de rua é barulho só e não magia, magia de quem ama uma qualquer arte que é aquela. O cheiro a café e a pão cheira ao café e ao pão de todas as manhãs, e nunca é diferente. Os velhos olham sempre com o mesmo vazio para lado nenhum e os novos correm com pressa de uma vida a fugir para lado nenhum talvez ou para um lado qualquer. Os sinos das igrejas, os autocarros a chegar e a ir, os velhos, as crianças. Vidas, vidas muitas a passar sem olhar a cidade.

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