sábado, 22 de outubro de 2011

Hoje apetece-me morrer.

Hoje tenho uma pedra em cima do peito que não me deixa respirar. 
Hoje tenho uma mão a estrangular-me o pescoço que não me deixa falar. 
Hoje tenho uma corda nos tornozelos que não me deixa caminhar. 
Hoje apetece-me morrer.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Começa a ir ser dia

"Mas eu, o mal-dormido, 
Não sinto noite ou frio, 
Nem sinto vir o dia 
Da solidão vazia. 
Só sinto o indefinido 
Do coração vazio. "

sábado, 15 de outubro de 2011

Saudade

As palavras não chegam nem um pouco, não dizem as confusões das ideias, não mostram os novelos, emaranhados de sentimentos, de dores, de lutas, de perdas. Perde-se a vida assim, como um molho de chaves. Perdem-se sonhos, vontades, desejos. A sensação que fica é de cair num buraco sem término, aos encontrões com pensamentos escuros, doentes de desesperança. E continuo a cair, sem ver o início, onde tombei, e sem ver o fim, onde possa pousar o corpo. Ai a saudade! Sinto falta. Caio por entre imagens, fotografias guardadas nos dias de sol. Olho-as e choro, choro de saudade. Triste, triste fim que não tardou. Chegou, arde, consome. Não sai. Os pensamentos perseguem, e matam aos poucos.
Talvez falte tempo que alivie. Talvez nem o tempo seja solução.
Mas hoje o dia é de chuva, de céu negro e trovoada, de frio gélido que chega aos ossos. 
Isso e saudade. Muita!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Adeus

Quero chorar e não consigo
Quero não chorar e também não consigo
Quero morrer mas não posso
Quero poder mas não posso também
Quero ter, mas não tenho, não vou ter
Quero esperar mas só desespero
Quero rir mas não rio, nem sorrio
Quero fugir mas não tenho onde ir
Quero que não doa, mas dói, dói muito
Não quero ter de dizer adeus
Mas...
...Adeus

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Some people feel like they don't deserve love. They walk away quietly into empty spaces, trying to close the gaps of the past."

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"Como se entrassem num túnel, apercebiam-se, cada vez mais dentro de si, de que se aproximava algo para separá-los. Liam no seu interior que esse momento os esperava parado no futuro e que o tempo se consumia diante deles, ardendo."
"Minha alma está cansada da minha vida." FP

sábado, 8 de outubro de 2011

Mundo, Tudo, dóis-me hoje

Há dias em que palavras não resolvem, os cigarros não acalmam, e o sono não chega. Os olhos não secam. E a dor, a dor só fica, devora e tortura. A dor fica aqui assim, a matar. Sinto-a a sugar, a pesar. Pesa muito. E tenho medo dos infernos da solidão, dos demónios das noites. Da insanidade de pensar o pensar, pensar que penso, e no que penso. Tenho tantos medos. Como uma menina de poucos anos. Há dias em que sou assim, uma menina, assustada, perdida do mundo. Hoje é mais um dia de dor. Quando digo dor, digo deixar cair o corpo na cama e desistir, ficar a ver o tempo, a demorar. Quando digo dor, é chorar com a música e ouvi-la uma vez depois da outra. É ficar à espera na desesperança de não ver. Te. Quando digo dor é ter muito medo. Muito medo. 
Mundo, Tudo, dóis-me hoje.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

‎"You know what music is? God's little reminder that there's something else besides us in this universe, a harmonic connection between all living beings, every where, even the stars. "

Pobre Velha Música!

Pobre velha música! 
Não sei por que agrado, 
Enche-se de lágrimas 
Meu olhar parado. 

Recordo outro ouvir-te, 
Não sei se te ouvi 
Nessa minha infância 
Que me lembra em ti. 

Com que ânsia tão raiva 
Quero aquele outrora! 
E eu era feliz? Não sei: 
Fui-o outrora agora. 
Fernando Pessoa

domingo, 2 de outubro de 2011

Declaração em juízo


"Decerto não houve propósito
de me deixar entregue a mim mesmo,
perplexo,
desentranhado.
não cuidaram que um sobraria.
Foi isso. Tornei, tornaram-me
sobre - vivente.
Se se admiram de eu estar vivo,
esclareço: estou sobrevivo.
Viver, propriamente, não vivi
senão em projeto. Adiamento.
Calendário do ano próximo.
Jamais percebi estar vivendo
quando em volta viviam quantos! Quanto.
alguma vez os invejei. Outras, sentia
pena de tanta vida que se exauria no viver
enquanto o não viver, o sobreviver
duravam, perdurando.
E me punha a um canto, à espera,
contraditória e simplesmente,
de chegar a hora de também
viver."

Carlos Drummond de Andrade