terça-feira, 30 de agosto de 2011

You make me real



I really want you, really do
Really need ya baby, God knows I do
'Cause I'm not real enough without you
Oh, what can I do?



You make me real
You make me feel like lovers feel
You make me throw away mistaken misery
Make me free, love, make me free


You make me real
Only you have that appeal
So let me slide in your tender sunken sea
Make me free, love, make me free

The Doors

I can't see your face in my mind


"Don't you cry
Baby
Please don't cry
I won't need your picture
Until we say goodbye"

Música

Ela: Gosto desta música.

Ele: E eu gosto de ti.

Música

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Explicação da Eternidade

devagar, o tempo transforma tudo em tempo. 
o ódio transforma-se em tempo, o amor 
transforma-se em tempo, a dor transforma-se 
em tempo. 

os assuntos que julgámos mais profundos, 
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis, 
transformam-se devagar em tempo. 

por si só, o tempo não é nada. 
a idade de nada é nada. 
a eternidade não existe. 
no entanto, a eternidade existe. 

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos. 
os instantes do teu sorriso eram eternos. 
os instantes do teu corpo de luz eram eternos. 

foste eterna até ao fim.
José Luís Peixoto in "A casa, a escuridão"
"não ninguém saberá o que aconteceu.
estou muito cansado
apetece-me dormir até morrer."

domingo, 28 de agosto de 2011

"fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre
sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor.
eu sei exactamente o que é o amor. o amor é saber
que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer.
o amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte
de nós que não é nossa. o amor é sermos fracos.
o amor é ter medo e querer morrer." 



José Luís Peixoto in A criança em ruínas

Na calmaria

Se pudesse, agora
Estava sem mim
Sem mim
E não aqui
Algures em nenhures
Na calmaria
De não ter lembranças
Na calmaria
De não ansiar
Na calmaria
De pensar nada

E nesse vazio
Dormia a vida.



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Aquela música

Ouço a mesma música
Que me lembra
Só, porque não quero esquecer.

Lágrima a seguir o soluçar
Em sinfonia
Acre, sabor de cada
Que caindo, aliviam
O peito espremido
A dor na testa
A secura
E a mão que desobedece.

Doce, o sabor acre
Porque de olhos lavados
Lavados de sal
É mais fácil deixar a noite cair.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

na hora de pôr a mesa eramos cinco


na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva, cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.


José Luis Peixoto, in "a criança em ruínas"

A criança em ruínas


"Entre as palavras da minha voz, as minhas palavras, renasce um silêncio rasgado de morte.
Cresce um vazio no que em mim é vazio.
Sou a erosão de mim próprio.
Minto-me.
Nego cada brisa das minhas mãos, que não são minhas, das minhas lágrimas, que não são minhas, das minhas palavras.
Eu não sou eu.
Eu sou uma parede a morrer.
Eu sou uma árvore a morrer.
Eu sou um céu morto.
Venceu-me o Inverno e lutei a seu lado para me destruir.
Nunca fui criança.
Nunca encontrei ingenuidade ou arrependimento.
Hoje, cadáver insepulto, despeço-me sem mágoa do que não fui.
Sou a erosão de mim próprio e isso basta-me.
Sou o holocausto dentro de mim.
Sou um incómodo desnecessário.
Sou um erro propositado e sou erro maior por isso.
Entre as palavras da minha voz, as minhas palavras, renasce um silêncio rasgado de morte. Envelhecem estas palavras já velhas.
A minha vida é o tempo de matar-me e de repeti-lo em palavras como um ridículo."

José Luís Peixoto

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Livro

"Não têm conta as vezes que me disseram, Livro, posso ler-te?
Rio-me dessa gracinha com o umbigo."


"voltar para junto dele, os seus peitos de novo abraçados, colados, nenhuma distância. Dentro de si, sem palavras,repetia uma nuvem informe de esperança."
"Naquele momento preciso sentia-se a sangrar por dentro, sentia que o interior da pele sangrava e que todo esse sangue se acumulava, líquido, grosso, e que lhe bastava tocar numa lasca mínima para que se esvaísse e a mata-se"
"...tinha ideias que não o deixavam adormecer, eram como pedras bicudas dentro dos olhos. Às vezes por sugestão, chorava-lhe a vista."
"Fixaram-se por um momento. Foram maiores que os seus corpos. E viraram os olhos para qualquer detalhe inventado. Mas eram cegos. O tempo passou a ser qualquer coisa esmigalhada que chovia à sua volta, pedaços de palavras, pedaços de sons, pedaços de imagens. E voltaram a fixar-se. Os seus olhares atravessaram as lâmpadas baças da festa, as vozes, a aragem que lhes tocava nos cabelos, a música roufenha dos altifalantes, o cheiro do vinho tinto, os vultos desfocados das crianças que passavam a correr."

domingo, 21 de agosto de 2011

O mundo por entre

Tremi. Quase caí.
Que distância tão pouca e o mundo por entre.
Num olhar vago vi e por pouco não fugi
Agora, sozinha finalmente
Peço a mim o ceder
Ao corpo cansado
De mais um dia sem fim.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

3:36 am

Passam-se os dias, apenas passando

Passam-se os dias, apenas passando
Numa brandura sufocante
De noite a seguir ao dia
De minutos feitos horas.
Jogo só de perder.
Páro de pensar, e até nisso penso
Mas em ti penso
e a seguir outra vez
E só no adormecer páro
Ou páro por não saber que continuo
Por não te ter, tenho nada
E por nada ter
Fica o peso dos minutos
Feitos horas.
E se adormecesse agora
E se o fosse fazer para sempre
Nada de nada levava
Ou talvez a paz, só
No silêncio do fim.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"Se namorares comigo, dou-te um pombo, cem escudos e um livro" Livro - José Luís Peixoto
"Quando me custava respirar não era tanto das dores ou da febre, era da falta de lugar para onde fugir."
‎"A voz saiu-lhe desconsolada, infantil, e teve de chorar outra vez. Pensou em muitas coisas e, com o tempo, sentiu-se diminuir até ser menos do que uma pedra, um grão de pó. Não conseguia sair de dentro do tempo" Livro - José Luís Peixoto

quarta-feira, 10 de agosto de 2011



Fear and panic in the air
I want to be free
From desolation and despair
And I feel like everything I saw
Is being swept away
And I refuse to let you go

I can't get it right
Get it right
Since I met you

Loneliness be over
When will this loneliness be over?

terça-feira, 9 de agosto de 2011


How much pain has cracked your soul?
How much love would make you whole?
You're my guiding lightning strike

I can't find the words to say
They're overdue
I'd travel half the world to say
"I belong to you"




segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"Toda a gente me dizia: «Ele vai ficar bem. A vida é assim, acontece-nos a todos», mas eu conhecia os filmes que nos passam pela cabeça durante a noite, sabia que quase nos fazem enlouquecer de dor."

domingo, 7 de agosto de 2011

Stay with me for a while





"Hey blue, where'd you run to now?

Miss you since they found you out
I've been waiting such a long time
For your smile, for you

I lay with you this velvet morning
Stay with me for a while
Where we run to is up to you
Just stay with me for a while"

Oh, my heart...

"If you go and i would stay
And you would call my name
I would cry, yes, i would cry
Walking in or walking out
Is the same as talking about my heart
My heart

Hiding behind my hair today
Wishing i was far away..."


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

"Blank page is all the rage
Never meant to say anything
In bed I was half dead
Tired of dreaming of rest
Got dressed drove the state line
Looking for you at the five and dime
Stop sign told me stay at home
Told me you were not alone"
"A thousand miles seems pretty far
But they've got planes and trains and cars
I'd walk to you if I had no other way

I can promise you
That by the time we get through
The world will never ever be the same
And you're to blame"

Dóis-me

O mundo caiu me nos ombros.
E pesa mais que o mundo.
Ser fraco, onde a vida
Não é em mim.
E o frio, que no calor
Continua persistente
E corta e dói
E não sara
E não deixa
Deixar de pensar
e parar de sentir.
O frio
que vem com a noite
E fica, a fazer
companhia
E a doer...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Dor

Passa-se um dia e outro dia 
À espera que passe a Dor, 
E a Dor não passa, e porfia, 
Porque trás dia, outro dia 
Que traz Dor inda maior; 

Porque embora a Dor aflita 
Calasse há muito seus ais, 
Ainda, fundo, palpita 
Uma outra Dor que não grita: 
A Dor do que não dói mais. 

Francisco Bugalho, in "Dispersos e Inéditos"

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

"Não posso adiar 
ainda que a noite pese séculos sobre as costas 
e a aurora indecisa demore 
não posso adiar para outro século a minha vida 
nem o meu amor 
nem o meu grito de libertação 

Não posso adiar o coração."



António Ramos Rosa

"Quanto terror latente
nesse mar gelado
que desde sempre
levamos na alma."
                         


                    António Castañeda