quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Dor

Passa-se um dia e outro dia 
À espera que passe a Dor, 
E a Dor não passa, e porfia, 
Porque trás dia, outro dia 
Que traz Dor inda maior; 

Porque embora a Dor aflita 
Calasse há muito seus ais, 
Ainda, fundo, palpita 
Uma outra Dor que não grita: 
A Dor do que não dói mais. 

Francisco Bugalho, in "Dispersos e Inéditos"

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