terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Hoje penso, não tenho nada.
Delírios de um sol-pôr, delírios de chuva e banhos de mar.
Não tenho nada, penso. E não sei dormir.

sábado, 7 de janeiro de 2012

 O tempo chega e pára sobre as coisas. A porta do quarto continua meia aberta, a roupa da cama desfeita parada, a torneira a jorrar água quente, o vapor a encher de fumo a casa de banho. Na banheira o corpo dela, já perdido do mundo, já perdido de si mesmo. A pele branca a unir-se a porcelana branca também, e o cabelo a seguir o caminho da água, preto de estar molhado. Os olhos, quase brancos, sem vida alguma, como se fossem de vidro. O tempo que parou para sempre naquele momento. A morte, fria, escura, triste. Salvação?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Noite

Quanto desassossego trazes em teu silêncio, nevoeiro escuro talhado de agonias. Impões-te serena, altiva da tua grandeza e sobes-me voraz, no peito desprotegido, abrindo caminho com lâminas de gelo. O sangue quente a perder-se da vida, a vida a perder-se do corpo, o corpo a cair sobre si mesmo, num abismo de desconsolo. A impotência das mãos trémulas, carentes de forças. Os olhos vermelhos de sangue, a querer fugir deste lugar, a olhar o negro, perdidos no desespero. Os pensamentos de morte, sem fim, que trazes em teu silencio, que sobe em meu peito, desprotegido, e aperta como se fosse partir todas as costelas, uma a uma ou de uma só vez. O desassossego que decidiu ser meu companheiro, de todas as horas, que adormece a meu lado, sobre a minha almofada, e acorda comigo, fiel como nada mais. Hoje, como sempre, chegas, e eu passiva, espero, sozinha e desistente. Cansada de mim mesma.