quarta-feira, 28 de março de 2012

Perdoa-me se te faço sofrer

Perdoa-me se te faço sofrer
Sofrer só é o que faço
Não por vontade, não por opção
Por impotência
Por desnorte e desesperança
Desisto de mim e do mundo
E da luz e do sabor e do cheiro
Desisto da vida
Deixo-me apenas na sobrevida
E guardo em mim um sonho
Um só
Tu

segunda-feira, 26 de março de 2012

Sempre

Chegou o momento em que finalmente conheci o calor na minha vida, as primaveras, o verde e o azul. Conheci a razão e o porquê. Conheci a vontade de pôr um 'sempre' no final de cada frase que lhe disse. Sempre sim. Conheci a vida que tenho ainda por viver e conheci a verdade de perder. Perder a metade que ainda agora havia encontrado. Conheci o fim do que ainda tinha para começar. Ó vida que me fugiste! Só a ti consigo pôr um sempre no final destas frases que te quero dizer. Estas, quero-te sempre, espero sempre, sou-te vida, sou-te sempre. Mesmo longe e sem saber sou-te para sempre porque roubaste e levaste contigo o calor e as primaveras, o verde e o azul. Procura-me vida, quando achares que acabou o inverno em que me deixaste.

domingo, 18 de março de 2012

Apelo

Não consigo respirar. O meu peito encontro-o colado nas costas. Tenho um buraco em vez de barriga e tudo é indigesto. Estou cega. Não ouço. Falar, não consigo, nem andar, nem tocar. Tenho gritos de dor no lugar do cérebro. Deixem-me fugir, ou deixem-me no frio de estar sozinha. Deixem-me dormir em noites como esta. Deixem-me viver. Apelo. Suplico. Preciso ser. Preciso de encontrar de novo o que destruiram quando não deixaram nada. Esqueleto deambulante, com forma de gente e voz de gente, e olhar de gente. E sozinho, vazio de vida. Deixem-me morar de novo em mim. Apelo!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Instante

Quanto tanto de mim levas nas palavras breves
Foste embora quando ainda não chegaste
E quando abro os olhos de novo
Passaste fugaz a lembrança.
E no instante em que te vejo
E deixo de ver
Já contigo carregas o meu peito em asfixia
E fica o buraco onde não páro de cair.