sexta-feira, 30 de setembro de 2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A vida que não é a minha

Eu tenho uma vida que não é a minha.
A minha não é esta.
A minha fugiu e foge
Por entre os desassossegos.
A minha passa as noites sem mim
e os dias longe.
E eu fico numa que não é a minha
Deve ser de alguém
Que também a espera
E talvez a queira.
Mas eu só queria a minha
Que vai mais à frente com pressa
E por isso não lhe chego
Só a vejo, por entre um pó que cega às vezes
Ou nevoeiro que não levanta.
A minha quando penso nela
Quase que a sei de cor
Sei a que cheira e sabe
Sei a melodia e as letras.
Só que ela foge e deve rir
Da louca que corre atrás dela
A chorar chuvas de mar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A festa

Ao longe as luzes salpicam o bréu com cores e barulhos. Os olhos fixos, pasmados, as bocas semi-abertas a olhar também. "Olha, olha!". Eu olhei. Primeiro para cima, para o céu a mudar de cor, e depois a mudar de cor e mais uma vez, algumas vezes. Depois olhei à volta. Velhos, novos e crianças. Pais, avós, netos. Farturas, pipocas, balões. Risos. sorrisos, conversas. Festa. As melhores calças, a melhor camisa, até a gravata. A missa, a música, os almoços até serem jantares. Os problemas deixados em casa, as tristezas em casa também ou trazidas no bolso, escondidas para não estragarem a festa. Pensei "também quero". Tentei deixar em casa, tentei guardar no bolso. Acabei a esconder, não na algibeira, mas por trás de risos, sorrisos e conversas. Mas o céu salpicado de cores muitas e barulhos muitos foi festa para mim. E por isso foi boa. Porque não foi tão escuro hoje.

sábado, 24 de setembro de 2011

Demons

"Dark demons in my dreams,
turn my laughter into screams.
What was good now is bad,
damn these demons get me mad.
I wish there was a way to fight,
but these demons come back every night"

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Já nem chorar faço

Já nem chorar faço
Só um peso nos olhos, um aperto no peito
Que suga aos pouquinhos
o que foi bom
o que não é
mais
nada
Quase que sinto
Os sorrisos a fugir
na pele arrepiada ainda
de pensar
no nó no estômago
que agora é de não ter
e que era de ter
o que agora foge
e eu vejo a fugir
e ver é o que posso fazer apenas
porque uma parede de vidas outras
me separa da minha vida não morta
Então continuo
com o peso nos olhos e o aperto no peito
Já nem chorar faço
e se fizer
é a fraqueza de ter de desistir.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A cidade

Caminham sem interesse pelas casas, pelos carros, pelas pessoas. Passam nas pontes sem olhar os rios, sem olhar os barcos. Querem o sol apenas para aquecer pela manhã, não para doirar o mar, o rio antes da noite. E na noite querem as luzes apenas para poderem olhar e ver, não pelas sombras deambulantes pela cidade, pelas pessoas, pelos carros. As árvores são sombra para jogos intermináveis de xadrez, não são folhas a cair pelo outono, leves, breves, suaves. Não são cheiro a jasmim ou qualquer outro cheiro que seja o cheiro das árvores. A música dos tocadores de rua é barulho só e não magia, magia de quem ama uma qualquer arte que é aquela. O cheiro a café e a pão cheira ao café e ao pão de todas as manhãs, e nunca é diferente. Os velhos olham sempre com o mesmo vazio para lado nenhum e os novos correm com pressa de uma vida a fugir para lado nenhum talvez ou para um lado qualquer. Os sinos das igrejas, os autocarros a chegar e a ir, os velhos, as crianças. Vidas, vidas muitas a passar sem olhar a cidade.
"Morrer é quando os olhos se transformam em pálpebras, uma cortina que se cerra como no teatro e os espectadores partem em silêncio por estes corredores de painéis de azulejos, escadas de pedra, pátios."
António Lobo Antunes
"Não se podem construir dias novos sobre manhãs que se recordam. Inventei te talvez, partindo de uma estrela como todas estas. Quis ter uma estrela e dar-lhe as manhãs de Julho."
"Penso: um castigo é a vida, um castigo sem falta ou pecado, um castigo sem salvação; a vida é um castigo que não se impede e que não consente."

domingo, 18 de setembro de 2011

Fim de tarde

Se eu pudesse deitar a cabeça
sobre um peito qualquer
o teu seria o que queria e o sono
pesado, a pesar no corpo esgotado
exausto do cansaço de só me cansar
nos trabalhos de me ser
e se eu pudesse
encostar a cara no peito qualquer
que o teu seria, e escutar
um coração qualquer
que só o teu ouviria
e dormir, acordada até
no fim de tarde de mais ninguém
todos devemos ter um fim de tarde
nosso, e o nosso seria
num fim de tarde azul de céu e laranja
também de céu e a minha cabeça,
a minha cara, o meu ouvido, o meu sorrir
encostados no teu peito
que não era só um peito
mas uma vida a pegar noutra ao colo.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Tudo

Queria eternidades de ti. Durante todas as horas dos dias.
Tudo devia ser o teu nome.
Posso chamar-te Tudo? Para mim o és. Tão certo como estar agora a escreve-lo.
- Tudo, vais ser?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

"Meu amor
minha dor
meu prazer
meu terror
razão de toda a fé e de
scrença no criador
tarde de verão
noite de inverno
brisa de paraiso
ou chama de inferno

és como 2 em 1
versão concentrada
para minha razão angustiada serenata
sempre ao meu lado sempre
longe de mim
sempre mais que suficiente,
sempre assim,assim..."

terça-feira, 13 de setembro de 2011

"Onde foi que a vida nos perdeu? E não tenho medo da palavra amor. Não tenho medo das palavras. Vê como digo morte: morte morte morte morte morte. Tudo me espera onde não existo. E o mundo acabou. O homem que está fechado dentro de um quarto sem janelas a escrever parou de repente..."
"Penso: o lugar dos homens é uma linha traçada entre o desespero e o silêncio. Como uma tempestade de vozes. Não sei se enlouqueci. E morro devagar. A tarde passou longa como uma vida. A dor: um silêncio de sentido sobre todos os gestos, um abismo a calar o significado de todas as palavras, um véu a tornar o tempo inútil. O súbito reconhecimento de mim em mim. Não sei ao certo se é a manhã que passa, se é o dia que passa, ou se é a vida que passa nesta manhã, neste dia. Somos o lugar onde a morte está."
‎" O mundo acabou. E não ficou nada. Nem as certezas. Nem as sombras. Nem as cinzas. Nem os gestos. Nem as palavras. Nem o amor. Nem o lume. Nem o céu. Nem os caminhos. Nem o passado. Nem as ideias. Nem o fumo. O mundo acabou. E não ficou nada. Nenhum sorriso. Nenhum pensamento. Nenhuma esperança. Nenhum consolo. Nenhum olhar. " 

domingo, 11 de setembro de 2011

- A verdade é que os teus dias são apenas uma colecção entediante de horas. Sem novas paixões, sem desafios, sem lugares para conhecer. Nada. Nada.
- Dizes isso porque ainda não conheces o mundo. Tens o coração cheio de raiva.
- Não. Eu odeio-te. És um monstro.
- Vou esquecer que disseste isso. Não sabes o que dizes.
- Digo isto porque vais morrer. E porque vais ser esquecida. Pó.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O fim de si

Sede. Caminha sedenta de vida, arrasada, ludibriada de dor. Arrasta-se, como uma sombra, insignificante, sem importância. Chora horas de amargura, de agonia. Chora dias que só foram dias, atrás de dias. Chora saudade. Chora música. Chora um mar.
Acende um cigarro. Sente o fumo misturar-se na boca, na garganta, no respirar lento, desistente, fugido.
Pára para sentir. Não sente nada. Vazio.
Fica ali, com o sol a semi cerrar-lhe os olhos, inchados, doridos. Sozinha de pessoas, de coisas. Sozinha de tecto, sozinha de chão. Sozinha de abraços, sozinha de palavras. Senão as suas, pensadas em meio de tristezas e de infernos.
A sua maior desilusão era ser. Não era. O fim de si chega numa manhã delicada, de sol tímido. Ainda a lua no céu. Pintado da cor azul. O fim de si chega na mais bela das manhãs. Silencioso, por entre ramos de árvores. Pintados da cor verde. Por entre travos de flores. Pintadas da cor que são todas.
O fim de si chega pintado de negro.
Fim.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Tormentos

Ouço o silêncio e por ouvi-lo
Olho aquilo em que me transformo
A cor, que lá, falta
Lá, naquilo em que me tranformo
Perdida e lavada em sal
Carregando pesos, muito em vão
Por luta não lhes dar
Desistente
No meio duma chuva que não chove
Nem molha
Sob um sol que não queima
Sequer aquece
Aquilo em que me transformo
De tempos até estes
Perto de nada fica
E os demónios da noite
De dia também o são
Tormentos
Tormentos.
Doces foram os tempos
Que de lembrar, custa acreditar
Iludida que podia sonhar
E por faze-lo acabo a chorar
Os sonhos que tive e que só isso foram
E nem perto de deixar de o ser chegaram.

sábado, 3 de setembro de 2011

"Sometimes I wish that I had never met you, so I could go to sleep at night not knowing there's someone like you out there."

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

If dreams came true


Close my eyes and in a moment's time
I would find the joy I knew
If dreams came true
Far above the world I'd fly
Shining wings against the sky
Where the air is fresh and sweet
And at last I'm free

I am feeling very warm right now
Please don't disappear
I am spacing out with you
You are the most beautiful entity
That I've ever dreamed of

At night I will protect you in your dreams
I will be your angel

How does it make you feel?


I would be happy
With just one minute in your arms
Let's have an extended play together
You're telling me that we
Live too far to love each other
But your love can stretch further
Than you and I can see
So how does it make you feel?

All I need


All I need is a little time
To get behind this sun and cast my weight
All I need is a peace of this mind
Then I can celebrate

All in all there's something to give
All in all there's something to do
All in all there's something to live
With you...