quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O silêncio do que digo

Hoje à noite sentei-me no café com uma amiga. Como todas as noites. Com a mesma amiga.
Pedimos um café e acendemos um cigarro com o mesmo ar aborrecido de sempre o fazermos. As caras à volta são as mesmas, e o cheiro a cigarros é o mesmo. O café desperta o paladar como nas outras noites, com a mesma quantidade de açúcar, mexido talvez o mesmo número de vezes ou então uma mais ou uma menos. 
Ali estávamos as duas. Com o mesmo olá e o mesmo sorriso de gostarmos uma da outra. E as conversas que conversamos por conversar e que gostamos porque fazem rir, porque fazem lembrar, porque fazem o tempo passar sem demorar. E hoje rimos, e rimos muito. Hoje fez-se uma hora ou duas num minuto ou dois que pareceu. Hoje sentei-me no café com uma amiga e pensei vezes muitas ela é minha amiga e gosto dela. E disse muitas coisas, e nessas muitas coisas que disse queria ter dito és minha amiga e gosto de ti. Mas não precisei, ela ouviu no silêncio do que disse, tudo o que eu lhe queria dizer. Porque as palavras têm destes silêncios, estes que gritam e às vezes são ouvidos. Eu ouvi. Ela também. Hoje à noite sentei-me no café e disse muito mais do que aquilo que disse e ouvi muito mais do que aquilo que ouvi.

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